Em primeiro lugar, não quero com este texto defender nem tentar defender a posição da igreja católica, pois como todas as instituições fizeram coisas boas e coisas más. Já se matou muita gente em nome do Deus católico mas também em nome de uma sociedade sem classes de base ateísta.
Em segundo lugar, é já de si revelador e sintomatico a falta de liberdade de expressão que existe no nosso mundo actual, pois tenho de fazer a ressalva no primeiro ponto se quero que 80% dos leitores continuem a ler o texto até ao fim. Antes não se podia falar mal do estado senão ia-se preso, hoje não se pode discordar do mainstream senão é-se abafado e desrespeitado.
Por fim, quero falar desta história dos crucifixos nas escolas, ou melhor, da falta que eles vão fazer. Pois que falta vão eles fazer? Nenhuma, é verdade, os crucifixos não vão fazer falta nenhuma nas paredes imundas e cheias de grafittis das escolas portuguesas, pelo que tirá-los até é bem visto. Afinal o Estado é laico, toda a gente sabe isso desde há pelo menos 30 anos e é ao estado que choca ver as cruzes nas paredes, não é a mais ninguem. Choca ao estado porque a igreja é vista pelo mesmo como elemento agregador da familia e de alguma moral que rapidamente está a caír em desuso, o que torna a igreja num obstáculo à completa dominação do individuo pelo Estado. Para este estado aglutinador, que vive muito à custa da dependencia viciosa dos cidadão nele, é uma barreira que urge transpor esta capacidade que a igreja, seja ela católica ou outra, tem de acolher todos e fornecer abrigo espiritual para os momentos dificeis da vida. Essa sensação de refugio interior tem de acabar pois o único refugio possivel tem de ser o proprio Estado. Daí a promoção quase visceral das ideias ateias e agnosticas, classificando a fé em Deus como uma coisa grotesca e antiquada, pois tudo o que é moderno e progressista aponta na ideia de Deus não existir, quando muito existe mas é de cada um. Agora até os que acreditam em Deus têm de salvaguardar a sua posição na sociedade afirmando acreditarem sim num Deus próprio, diferente do dos Católicos, se querem ser tidos como alguem merecedor de respeito. O Deus da igreja católica fica só para os padres e freiras e para a geração dos mais velhos que naturalmente vai acabar por se extinguir.
Mas porquê tanta polemica com os crucifixos? É simples, na verdade não há base argumental para contrapor a essa medida da retirada dos mesmos da escola, afinal já estava previsto há 30 anos, se só agora se retiram até foi uma abébia de 30 anos que o estado deu à igreja. A decisão tão repentina de cumprir a constituição, quase se poderia falar em excesso de zelo repentino, tem por objectivo colocar os católicos numa posição desconfortável, sem saber muito bem o que dizer, quase os obrigando a reagir a quente contra essa medida, para facilmente os acusarem de estarem a opor-se ao cumprimento da lei, colocando os catolicos mais indignados como uns fora da lei e sem razão aparente.
O objectivo é simples, enfraquecer a posição da igreja cada vez mais frágil na sociedade de modo a tomar sorrateiramente o seu lugar.
Não é só em Portugal que isto está a acontecer. Não nos podemos esquecer que em França, por exemplo, já não é permitido usar T-Shirts com referencias religiosas nas aulas, depois do caso das estudantes muçulmanas que foram proíbidas de usar a burka na escola. Chega-se ao ridiculo de um aluno poder levar uma camisola com dizeres obscenos ou uma folha de marijuana imprimida, mas não poder levar uma simples cruz no peito. Assistimos a uma caminhada inexoravel para a ultra dependencia do estado, de modo a este exercer total controlo sobre as nossas vidas, sem qualquer escapatória organizada possivel. As mentiras que se ouvem sobre a religião Católica são de tal modo grandes que só quem nunca leu o Catecismo ( e praticamente ninguém o leu) é que pode afirmar que a igreja proíbe o preservativo em qualquer circunstancia ou é uma instituição anti feminina. O problema é que também muitas vozes do interior da igreja nunca leram eles proprios o catecismo, e produzem afirmações não oficiais que os media passam como posição oficial da igreja.
Agora só se fala da proibição da admissao de homossexuais nos seminários. Os media nunca se referem a uma palavra que a igreja usa nessa proibição depois da palavra homossexuais. Essa palavra é “activos”. Homossexuais activos, repare o leitor se essa frase é usada quando os media falam do caso. Depois das recentes agruras que a igreja passou nos EUA, caindo quase na falencia devido aos escandalos de padres homossexuais pedófilos, a igreja é forçada a tomar a decisao de, apesar da crescente dificuldade em recrutar sangue novo para a igreja, e do risco acentuado da falta de padres, proibir a entrada nos seminários de homossexuais activos. Meus senhores, qual é o caso aqui?? Se têm de manter o celibato não podem ser activos. Se são activos e homossexuais e querem entrar para um seminário, não são celibatários, indiferentes ao corpo masculino que vão encontrar nos outros jovens do seminário, muitos deles vindos de familias pobres e sem grande poderio moral. Eu cá só vejo um esforço de acabar com um problema grave que abala os corredores das igrejas e seminários, a sociedade só vê discriminação sanguinária.
Por isso, e voltando aos crucifixos nas escolas, sou a favor da sua retirada imediata, pois o estado é laico e nenhum pai deve ver um simbolo religioso no local de aprendizagem do seu filho interferir na educação religiosa que ele lhe pretende dar, mas não se deve pronunciar nem ficar indignado se no curriculo das aulas estiverem assuntos como o uso do preservativo e/ou da multiculturalidade, pois são temas neutros em que toda a gente está de acordo.
E juntamente com os crucifixos, deveriam também acabar todos os feriados religiosos que temos, pois a produtividade nacional só perde com isso. Só deveria ficar o Natal porque o comercio ganha com ele, de resto deveriam ser todos eliminados. Ah, e não esquecer as referencias cristãs da nossa bandeira, as quinas no meio da esfera armilar, que também deve chocar muitos pais que tentam dar outra orientação religiosa à criança.
Enfim, está quase cumprido mais um dos objectivos desta Nova Ordem Mundial, a de liquidar completamente todo o sentimento religioso organisado, de modo a controlar facilmente os cidadãos. Outros objectivos se seguirão.
O objectivo seguinte não duvidem de que será a propria familia. A pedofilia, o aborto, a falta de condições para educar uma criança, os poucos incentivos às familias tradicionais e o constante encorajar financeiro da uniao de facto e do divórcio (já existem muitos casais a divorciarem-se por motivos financeiros, ficando a viver em uniao de facto por ser mais vantajoso) indicam claramente que o proximo passo será o de quebrar o laço afectivo entre familiares, pois juntamente com a religião, é também um refugio do individuo nas suas horas más. Vai, ou já está a passar para a sociedade que a educação dos nossos filhos pelo estado é mais eficaz do que a dos pais irresponsaveis que deixam morrer à fome os proprios filhos. Um dia, talvez não tão longinquo como se possa pensar, as crianças serão educadas desde bebés pelos serviços de acção social do estado ou por outras instituições governamentais criadas para o efeito, a pedido dos proprios pais que não vao querer assumir tal responsabilidade, com medo de serem acusados de praticas menos correctas. A denuncia por maus tratos infantis ameaça ser o proximo terror dos jovens pais, com casos extremos já detectados, onde se usa essa denuncia para uma vingança pessoal por exemplo de um pai para o outro ou uma rixa familiar. É facil usar crianças como armas de arremesso e levá-las a acreditar e formar memórias de coisas ficticias. É facil levar adultos a fazer o mesmo...
