Thursday, June 02, 2005

A Causa Secreta de toda esta Crise

É isso mesmo! Estamos mesmo no fim. Desta vez perdeu-se a vergonha por completo, já não resta nem um pouco de pudor por parte dos politicos portugueses, já fazem tudo às claras com uma arrogância tal que só é compreensivel pelo desprezo que essa gente tem aos portugueses, julgando-os de tal modo desprovidos de pensamento abstracto que os tomam por inofensivos.
É incrivel como há pouco mais de 6 meses ouviamos Jorge Sampaio dizer “ há vida para além do défice”, aconselhado pelo seu inseparável companheiro de armas, o director do Banco de Portugal Vitor Constâncio, assistimos depois a um inqualificável e nunca visto ataque a um governo com menos de 3 meses, com uma convulsão social liderada pelas associações sindicais nunca antes vista em Portugal, tudo devido às medidas austeras vindas da pasta das finanças para controlar o defice público. Assistimos todos ao unissono coro da comunicação social contra um governo apenas com algumas semanas de vida, perfeitamente orquestrado e dirigido pelos seus magnatas, quando se preparava para mexer nos beneficios fiscais dos bancos, que apesar da enorme crise e recessão apresentaram lucros acima dos 40%. Sendo a banca e a comunicação social dois dos principais baluartes da elite maçónica portuguesa, não admirou ver a intoxicação de lixo informativo anti-governo na altura.
Hoje, assistimos a uma completa destruição do tecido micro-empresarial português, responsável por 80% do emprego privado no país, aniquilando por completo qualquer esperança de sobrevivência que as micro empresas tinham, arruinando assim a vida de milhares de familias. Aumentar o IVA para a taxa máxima permitida quando em Espanha o IVA vai baixar para 15% em Agosto é uma medida de tal modo rídicula que nem merece comentários. Tão ridicula quanto a marcha dos alinhados comentaristas da nossa praça, aos quais só ouvimos dizer bem destas medidas, pela única razao de serem eles próprios os primeiros a quem interessa um estado mastodontico e gastador, ou lá se vai a galinha dos ovos de ouro em tempo de crise, pois esperam sempre conseguir este ou aquele tacho público. Será que já alguém ouviu dizer bem destas medidas a alguém que não precisa do Estado para nada, que não espera dele ser um dia ministro ou secretário de estado, professor da faculdade ou simplesmente comentador de uma televisão pública? Não!
Afinal não ouvimos a este governo revogar qualquer lei ou projecto lei impopular do governo anterior, bem pelo contrário, a todos ludibriaram ao manter as leis impopulares mas necessárias (o fundo de pensoes da Caixa, as leis laborais mais liberais) e agravando a carga fiscal, coisa que o governo anterior sempre adiou. No fundo, os outros é que pagaram a crise, pois os maus foram os anteriores, os bons são os actuais. Até na contagem do défice fomos ludibriados pois o governador do Banco de Portugal, que, sabe-se, é o primeiro a saber qual a situação do país nunca informou os portugueses, deixando o suspense render para depois largar a bomba. Além disso, este defice que se fala foi calculado com base em auscultações aos ministérios, inquirindo sobre a estimativa de gastos para o corrente ano. Quando queremos mais dinheiro e nos perguntam quanto vamos gastar, respondemos sempre mais do que na realidade precisamos, na esperança de nos tocar mais uns tostõezinhos. Foi assim que desta forma inédita foi calculado o defice este ano. Tudo para causar o pânico, legitimar o aumento da carga fiscal e aniquilar com mais estilo os pequenos.
Mas afinal tem de haver uma forte razão para se darem a tanto trabalho. E há. Várias até. A pequena economia é pouco controlável, a fuga aos impostos é mais fácil e isso tinha de acabar. Além do mais, Portugal sempre foi uma bomba relógio económica, pois sempre vivemos acima das possibilidades devido ao crédito contraído. Este boom do crédito colocou os bancos portugueses na situação de comprarem muito dinheiro ao estrangeiro, dinheiro não produzido no país, pelo que agora, quando a bolha económica diminuiu e as prestações desses financiamentos continuam a ter de ser pagas, assistimos ao facto de por cada prestação de um empréstimo paga por uma familia ao banco, esse mesmo banco deve pagar a outro banco estrangeiro pouco menos, o que provoca uma saída de capital do país para o estrangeiro de milhões de euros diários, sem ter o país capacidade produtiva para gerar nova riqueza. Por esta situação podem ser responsabilizados os bancos pela cega concessão de crédito e intransigência actual para quem não paga. Pode-se afirmar que os bancos portugueses extorquiram dinheiro à nação. E este novo riquismo do país tem de acabar imediatamente, mas sempre à custa dos mesmos, segundo a nossa elite política.
Mas há mais razões, porventura muito mais preocupantes. É que Portugal vive à custa do estado, e não interessa a nenhum dos parceiros sociais, aqueles com quem o governo tem de fazer acordos para governar, um estado mais leve, menos gastador. Devemos saber que todos os sindicatos, associações patronais, ambientais, politicas e outras, recebem dinheiro vivo pelo simples facto de estarem presentes nessas reuniões. É verdade, um parceiro social recebe por vezes milhoes de euros apenas por ser um parceiro social. É esta a forma de calar os sindicatos, patrões, etc. E assim decerto que não interessa que o estado gaste menos. Além disso, com o engrossar da função pública, as associações inter-sindicais ganham muito mais dinheiro e poder, pois recebem mais quotas obrigatórias por lei, e ficam com mais força negocial junto de um qualquer governo. E quem é que quer perder isso.
Mas há uma razão, para mim a mais preocupante e que esclareço aqui um pouco como uma revelação, mas que deve ser tida em conta para compreender o futuro que nos espera. Já vimos este governo nivelar tudo por baixo, por exemplo ao invés de serem os funcionários do sector privado a chegarem aos privilégios dos do público, são os funcionários públicos que vão perder regalias para ficarem iguais aos do privado. E esta constatação leva-nos a um caminho pelo qual todos devemos ficar horrorizados. É que toda a nossa competitividade como país, costumava até agora ser com a Espanha, país mais rico e com o qual tentávamos a convergência. Agora a nossa maior concorrência vem do antigo bloco de leste, mais pobre e atractivo para as exactas mesmas empresas que se localizaram em Portugal. Quer isto dizer que o objectivo deste governo e da nossa elite politica, sempre imune ao sofrimento do povinho, é empobrecer o país real, aumentar o desemprego acabando com as micro e pequenas empresas, tornar Portugal um país de novo atractivo para as grandes multinacionais, obrigando os trabalhadores a aceitarem trabalho em condições semelhantes às da Roménia ou Bulgária, em grandes empresas onde o trabalhador é apenas um número, sem qualquer perspectiva de crescimento como pessoa, uma pequena peça da engrenagem. Iremos ter Portugal inteiro a trabalhar ao nivel do que é hoje um caixeiro de hipermercado, mas com metade do ordenado. Toda e qualquer iniciativa será exclusiva das grandes multinacionais, sem qualquer esperança de futuro para um jovem dinâmico e inovador criar algo novo e rentável.
Isto não vai acontecer, isto já está a acontecer. Sei de casos de pura chantagem económica por parte das multinacionais. Já não competem pelo melhor preço ou serviço, neste momento chantageiam as entidades públicas, que até aqui iam alimentando ali e acolá algumas pequenas empresas comprando algum material ou requesitando algum pequeno serviço, com a ameaça de caso o estado não compre a esta ou aquela multinacional todo o material de escritório, por exemplo, esta multinacional fechará as portas colocando na rua 50 ou 100 empregados. Nem se preocupam em dizer o preço dos produtos, é o que eles impuserem, pois têm 100 empregados que fazem mais barulho do que uma familia que sempre viveu de alguns pequenos negócios e que vai ficar arruinada. E assim se obriga familias inteiras que até aqui eram pequenos produtores de riqueza, que com o seu investimento contribuiram para criar alguns postos de trabalho mas que efectivamente se esforçavam e davam algum exemplo de trabalho ao país, a procurarem emprego como caixeiros numa qualquer grande superficie ou operadores de maquinas numa qualquer fábrica de grandes dimensoes, supervisionados por um miúdo acabado de sair da faculdade, sem qualquer experiencia de vida e muitas vezes mal pago, onde cada opinião tem de ficar com quem a tem pois a chefia está muito longe e inacessível, possivelmente a jogar golfe ou a fazer qualquer outra coisa menos trabalhar efectivamente, coisa que esta pequena família não consegue compreender. Aliás, esta política empresarial leva-nos a um mau resultado pois estes dois extractos da mesma empresa, a elite e os trabalhadores, falam linguagens completamente diferentes, os primeiros não conseguirão nunca entender os segundos pois as expectativas de vida são antagónicas.
Enfim, nunca se assistiu ao que hoje em dia se vê, estamos à beira da escravatura novamente, pior do que isso, colaboramos com ela.
Mas como alguém disse: “ Aqueles que não compreendem a História estão condenados a repeti-la”, por isso lembro apenas quais foram os ultimos momentos do Imperio Romano aquando da sua queda. Foram eles :

- O dramático aumento dos impostos de forma a combater o défice causado pelos gastos absurdos do governo tais como monumentais obras de lazer, circos romanos e espectaculos desportivos cada vez mais espectaculares, minando assim a vitalidade da economia caseira e privada. É interessante ver que mesmo no fim do Império, foi dada um desmesurado enfase aos feitos desportivos e de diversão de modo a afastar as atenções do essencial.
- O aumento brutal da percentagem de divórcios, destruindo a noção de familia e deixando as pessoas sem nada a que se agarrar na vida.
- A cada vez maior obsessão pelo prazer pessoal e pelas experiencias intensas, de explosão de adrenalina, já no fim tornando o desporto extremamente excitante e brutal.
- A fé religiosa deixou de existir. Todo o panteão deixou de ser acreditado, deixando caminho aberto ao cristianismo para se afirmar como seita pois já ninguém acreditava em nada. A fé no governo desintegrou-se também.
- Conspiradores trabalhavam infiltrados no governo, destruindo-o secretamente, mas afirmando sempre o seu apoio às suas medidas. Pode-se dizer que o Império ruiu por dentro.

Reconhece algum destes sintomas nos dias de hoje?
Site 
Meter