Friday, May 05, 2006

Nao há inocentes

Há pouco mais de duas semanas, enormes quantidades de farinha de soja importadas para a EU a partir da Argentina foram confiscadas em portos espanhois e britanicos por pressao do gigante da engenharia genetica alimentar, a Monsanto. A razao para isso foi a queixa contra a Argentina devido a este país ter utilizado sementes de soja geneticamente modificadas e não pagar royalties à Monsanto por isso. Acontece que na Argentina este transgenico não tem a sua tecnologia patenteada pelo que não é reconhecida à Monsanto o direito de cobrar royalties pelos produtos. A história adquire contornos de meter medo quando sabemos que durante a grave crise argentina, a Monsanto aproveitou para meter mais uma colherada na globalização dos recursos de cada país de modo a poder extorquir o que quisesse quando chegasse a altura certa. Prosseguindo uma politica de promoçao dos transgenicos na Argentina, Brasil, Mexico e EUA, a Monsanto inundou o mercado argentino de sementes transgenicas de soja de modo que enormes populações rurais foram empurradas para as cidades para dar lugar a grandes plantações de soja. Há 15 anos atrás a Argentina era auto-suficiente em termos alimentares e hoje, com o monopólio quase absoluto destas plantações, vê-se obrigada a importar bens alimenticios do Uruguai. A farinha de soja tornou-se uma das principais exportaçoes da Argentina e a Monsanto quer agora boicotar toda a economia de um país para se apoderar dele em termos alimentares. A estratégia é sempre a mesma, deixar andar até à dependencia total e depois tirar o tapete obrigando a comercialização forçada do produto. Em 5 anos a produção de outros produtos da terra caiu 50%, e passou de 5,9 milhoes de hectares de soja para 16 milhoes. Viciaram a economia de um país de modo a torna-lo refém. Agora não conseguem exportar o seu mais precioso recurso sem pagar, mesmo que as leis desse país sejam claras em relação ao não patenteamento das sementes.
A Monsanto já nos habituou a manobras deste tipo. Há bem pouco tempo tentou patentear uma especie de porco, embora sem sucesso, talvez para a proxima. Agora vai lançar no mercado sementes que criam frutos que autodestroem as suas proprias sementes de modo a obrigar à compra destes sementes todos os anos recorrentemente.
As técnicas da Monsanto não são diferentes das da Mafia, viciando os seus clientes em drogas e jogo para depois os usarem a seu bel-prazer.Já as industrias tabaqueiras o fizeram. As industrias de software preparam-se para o fazer, pois durante anos tiveram uma atitude lasciva no combate à pirataria de modo a inundar o mercado com os seus produtos e criar no consumidor uma brutal dependencia das suas ferramentas. Agora lançam a campanha de repressão aos prevaricadores de modo a todos sermos obrigados a consumir o que eles querem. Não fosse este tipo de politica e se cada um tivesse de comprar o seu software desde o inicio em vez de o usar pirateado, haveria mais empresas a fabricar os mesmos leitores de software e haveria de certeza um formato standardizado, de modo a que qualquer editor de texto leria e editaria qualquer texto e seria muito mais barato. Assim, todos temos de pagar royalties à Microsoft caso queiramos criar um software que leia um ficheiro word de ultima geração, por exemplo. Estas politicas fizeram com que só as grandes corporaçoes se mantivessem no mercado (o de software ou de engenharia genetica, por exemplo), pois apenas estas podiam suportar os anos iniciais de perdas devido a pirataria. Se alguem acha que estas estrategias não são planeadas inicialmente não sei se estará a ver o quadro todo. Vivemos num mundo planeado e gerido em funçao da alta finança mundial, mesmo os ditadores e contra ditadores entram no mesmo jogo, não há inocentes.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

A argentina, por algo que nos escapa, deixou de funcionar a anos...


Como podemos culpar a Monsanto, se até o Xico da esquina faria o mesmo aqui na nossa esquina ?


O mal, é se deixarmos que Portugal, se torne numa argentina ..

E isso, é um dever de todos .
Não do gov .

Pensar que era do gov, foi o erro dos argentinos, pelo pouco que se sabe .

Localmente, participar e não acreditar nem apenas votar, é a solução, lá dizem os americanos, com as suas milhentas organizações de cidadãos .

DE CIDADÃOS .

AQUI, É PRECISO UM GRANDE ESFORÇO, PARA SE PERCEBER O QUE É UM LOBBY DE CIDADÃOS

3:26 PM  
Anonymous Anonymous said...

Está conforme à lógica dos neocons. Vejam o PNAC - The Project for the New American Century.

7:33 PM  
Anonymous Anonymous said...

Está conforme à lógica dos neocons. Vejam o PNAC - The Project for the New American Century.

7:34 PM  

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