Wednesday, March 22, 2006

Perguntas que o bancário do seu balcão nao sabe responder mesmo que tenha 5 anos de faculdade 2

Vamos a mais uma sessao da nossa rubrica " Perguntas que o bancário do seu balcão nao sabe responder mesmo que tenha 5 anos de faculdade".
E a próxima questão é :
O que raio é a inflação e porque é que os juros que eu ganho sao sempre abaixo da mesma?
Resposta de um bancário devidamente doutrinado : A inflação é o aumento do nivel geral dos preços e em relação ao juros versus a inflação esta é incontrolável por nós por isso os juros nao têm relação alguma com a inflação.
Ambas as respostas são mentira e qualquer economista sabe isso, embora custe a admitir. A inflação nao é a subida dos preços mas sim a descida do valor do dinheiro. E este desce de valor exactamente como tudo o resto, quando a procura diminui ou a oferta aumenta. Como a procura do dinheiro nao diminui (excepto em raros casos), o mais provavel é a inflação se dever à maior oferta de dinheiro. Por outras palavras, mais dinheiro no mercado, juros mais baixos. Caso o sistema monetário nao se basea-se em divida, ou seja, se o Estado para se financiar nao precisasse de recorrer aos bancos podendo controlar a sua propria emissao de moeda, a moeda criada pelo Estado era toda utilizada e sem qualquer especie de juros causando o desaparecimento da inflação. Por isso a inflação é controlada pelo Banco Central e o Estado sujeita-se à politica dos senhores banqueiros. Ainda assim a inflação real nada tem a ver com a publicada para o publico nao se aperceber da tremenda avalanche de dinheiro que é produzido pelos bancos de modo a, como já falei em textos anteriores, cobrar juros do nada. Por isso é que temos, a titulo de exemplo uma inflação media em Portugal nos ultimos 35 anos de 12% e os produtos aumentaram perto dos 450%, mais do que isso nalguns casos. Em 35 anos um café aumentou 10.000%, um jornal 16.000% e um maço de tabaco 15.700%. Se analisasemos os mesmos produtos pelas taxas publicadas pelo INE, temos que um café deveria ter aumentado apenas 294%, um jornal 471% e o tabaco 462%. Que diferença!! Mas isto é um pátio, nao se passa nada. Por isso, respondendo à mesma pergunta mas de um ponto de vista mais virado para o principio da aproximação à verdade em vez do principio da areia para os olhos destes ignorantes, a resposta é : A inflação é a velocidade com que se inunda o Estado de divida ao banco (sem contar com o que se quer esconder) e os juros serão quase sempre comidos pela inflação porque essa é mais uma maneira de roubar descaradamente ao patós que poêm o dinheiro no banco e transferi-lo sorrateiramente para o circuito só de alguns. Só para terminar, um pouco de História, de modo a perceber se as crises inflacionistas ou deflacionistas acontecem por factores estranhos aos bancos. A primeira vez que a inflação foi notada, embora sem ninguem perceber o que realmente se passava, aconteceu quando os portugueses e espanhois começaram a trazer ouro da America em grandes quantidades. Isso correspondeu a uma avalanche de dinheiro fresco que se injectou no mercado. Até então, as crises inflacionistas ou deflacionistas derivavam apenas de maus anos agricolas ou fenomenos naturais que influenciavam o mercado produtivo. Hoje em dia é impossivel um mau ano produtivo causar inflação pois nenhum produto tem tanto peso no bolo que influencie todos os outros, exceptuando o petroleo. Assim, quando falamos de inflação hoje em dia, é impossivel que ela seja criada naturalmente e nao artificialmente, pois toda a produção está extremamente bem controlada, bem como o credito e a moeda. Só os bancos podem gerar crises, nenhum factor natural as pode gerar hoje em dia. Nem mesmo furacões.
Mais uma pergunta para a nossa rubrica :
O spread de um cliente está relacionado com o risco do banco em emprestar dinheiro a essa mesma pessoa?
Esta pergunta é uma das mais divertidas de fazer no balcao de um banco. E assim é devido à resposta inerente e às contradiçoes que a mesma levanta. Senao vejamos. Todos os clientes pagam juros. Os bancos fingem que vao buscar o dinheiro a uma taxa fixa e cobram depois um spread em cima do juro que é supostamente a margem de lucro do banco. 1ª mentira. Os bancos nao compram o dinheiro às taxas que vemos anunciadas, compram-no sim em operações diárias que estao sujeitas a juros quase microscopicos e depois revendem ao cliente o produto como se o tivessem ido buscar a um preço mais alto. Mas enfim, nao é por aqui que o gato vai às filhozes. O spread está intimamente relacionado com a capacidade crediticia da pessoa em causa, um funcionario publico sem incidentes é uma aposta segura do banco por isso pagará menos de spread, ao passo que um empregado a recibos verdes pagará um elevado spread (se eventualmente conseguir quem o financie) devido ao risco que o banco corre de incumprimento. Resumindo, o proprio banco decide o preço final do seu produto em função do risco. Esta é a resposta que qualquer bancário lhe dará prontamente e com um sorriso sarcastico nos labios. Agora vem a parte gira. Se o cliente paga um premio devido ao risco que ele proprio representa de nao pagar o que deve, nao deveria este premio reverter em favor do cliente no caso de realmente haver incumprimento, uma vez que ele já pagou por isso mesmo? Ou seja, em caso de incumprimento, o banco tomará como seus os bens da pessoa até o seu valor perfazer a divida em falta, alem disso obrigará a pessoa a pagar juros de mora e ainda as despesas administrativas com o processo, de valor completamente arbitrário, e ainda por cima já lhe cobrou durante anos um premio para o caso de isto acontecer. Nao era logico que esse premio a mais que o cliente paga, revertesse em caso de incumprimento, em favor do cliente amortizando à divida que exista, uma vez que a margem do banco já estava salvaguardada à partida? No fundo os pobrezinhos pagam um seguro ao banco para o caso de serem maus pagadores, e se o forem pagam ainda mais. Paga-se mais porque suspeitam de nós à partida e se as suspeitas se confirmarem pagamos mais ainda. Ou entao o diferencial entre o spread normal e o acrescimo devido ao risco associado deveria ser estornado no final do contrato caso este termine sem incumprimento. Nao é lógico?? Quando pagamos um seguro automovel, se batermos nao pagamos os estragos. No banco pagamos mais para salvaguardarmos o banco de fazermos estragos e ainda pagamos os estragos. O juro de um simples cartao de credito pode variar de cerca de 9% para os bons clientes, até aos 30% no caso dos pobrezinhos. É uma diferença brutal que o banco tmoa para si unicamente pela suspeita. Porque a divida, mesmo que incobravel, morre com a pessoa, mesmo que ela nao tenha posses para pagar a divida, esta acompanha-a até que ela possa pagar ou morra, o que acontecer primeiro. O risco é baixissimo. Perguntem ao vosso gerente do balcao porque é que nao é assim e ouçam as respostas estereotipadas de que sempre foi assim.
Mais perguntas virao...

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Devastador! E porque é que nunca ouvimos o Bloco de Esquerda e rapaziada aparentada a denunciar esta lógica? Aliás, ninguém denuncia... porque não se apercebem? Mas os políticos profissionais são pagos para se aperceberem destas coisas. Compreende-se que o 0,1% da população beneficiada por estas manipulações queira eternizar este estado de coisas. Mas, e os outros? Não se faz nada? Nem se fala no assunto, sequer?

4:03 PM  
Anonymous Anonymous said...

dado q não encontrei no site o seu ctacto gostaria q m indicasse qual o livro a q s refere no canto superior direito do site, abaixo do cabeçalho.

2:16 AM  
Anonymous Anonymous said...

É pa, vai dar aulas de economia para o Cª..lho

1:30 PM  

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