A enzima da chico-espertice e o sistema bancário actual

Mas afinal os bancos centrais são privados ou publicos? A resposta é publicos se a pergunta for feita a um qualquer economista ou gestor saído das indoctrinações bacocas das faculdades do país. Privados se a pergunta for feita a um historiador financeiro ou a um governante que queira responder com honestidade. E para entender isso é necessária um pouco de história, talvez um pouco maçadora, de como se formaram os bancos na Europa e depois nos EUA. Vou tentar abreviar o possivel e infelizmente passar por cima de alguns episodios dignos de registo em nome da tentativa de fazer chegar ao fim do texto os leitores, de modo a perceberem onde é que estamos metidos e, no fundo, para todos percebermos de que morte morremos, em vez de ficarmos apenas como assistentes do descalabro que se está a gerar no mundo. A actividade bancária deriva de uma profissao em voga no final da idade média e principio do renascimento que era a de cambista. Esta gente guardava moedas de ouro e prata e distribuia certificados de valor que garantiam ao seu detentor levantar o seu valor facial em ouro noutro qualquer cambista. Claro que deduzido de uma despesa de manutençao. Estes senhores rapidamente se aperceberam que raramente o ouro era todo levantado ao mesmo tempo, e que havia sempre algum ouro depositado por alguem. Este facto fez tocar uns sininhos na parte traseira da cabeça que activou uma enzima chamada enzima da chico-espertice que dava ao cambista a ideia de que podia emprestar certificados de ouro a mais do que o ouro que detinha realmente. Baseava a actividade na convicção que nunca as pessoas levantariam o ouro todo de uma só vez. E a enzima da chico-espertice provocou de uma assentada varios factores. Inundou o mercado de dinheiro (de certificados), que consequentemente provocou a inflação artificialmente fabricada. Mas não é tudo. A dita enzima provocou nos cambistas uma enorme sensação de peso nos bolsos, devido ao facto de estes poderem emprestar dinheiro sem na realidade o terem, cobrando juros a partir de uma mao cheia de nada e darem inicio ao principio da reserva fraccional que ainda hoje governa os nossos bancos. Davam nada e ainda cobravam dinheiro por isso. Resumindo o que se passou em seguida, um senhor de boas familias, que tinha uma casa destas, conseguiu fazer o mesmo mas em vez de usar pessoas normais resolveu cobrar juros do nada a países e monarcas aflitos. O senhor tinha o nome de Mayer Amschel Rothschild. Avançando rapidamente este homem tornou-se intermediario financeiro entre as casas de cambistas, nesta altura já chamadas de bancos, e as naçoes em guerra quer militar quer politica da Europa. Os países foram-se endividando, endividando e o senhor Rothschild enriquecendo, enriquecendo, no seu formidavel negócio de vender nada por uma batelada de dinheiro. Em poucas palavras, cobravam de quem emprestava juros altissimos e caso não conseguissem receber, obviamente ficavam com os seus bens. Já com um razoavel pé de meia, o senhor Rothschild detinha por toda a Europa negocios industriais e financeiros que o ajudavam a comprar divida publica em baixa através de crises criadas artificialmente por ele, e controlar o futuro financeiro de um país. Foi assim com a Alemanha e sobretudo com a França. Avançando mais uns anitos, Napoleao ganhou a guerra, depois perdeu-a e depois arma-se em Dom Sebastião e reaparece do nada para travar a batalha de Waterloo com o senhor Wellington. Na batalha a historia repete-se, Napoleao começa a batalha em grande e provoca a saída de alguns emissários do local da batalha para Inglaterra avisar que a coisa estava tremida para os subditos de sua Majestade. Entretanto chegam reforços da Prussia e viram o bico ao prego, ganhando a batalha para o lado ingles. Um emissário que trabalhava para Rothschild sai a correr, ou melhor, a galope, a toda a velocidade e parte do porto de Ostende na Belgica para a Inglaterra conseguindo por 2000 francos um marinheiro maluco que o levou por mares extremamente agitados até à Grã-Bretanha. A noticia chega a Rothschild a 20 de Junho e ninguem queria acreditar. Rothschild chega ao mercado bolsista de Londres e coloca toda a gente expectante no sentido de saberem o que é que o guru iria fazer perante a mais que provavel derrota inglesa. Já vimos que a produção da enzima da chico-espertice estava bastante desenvolvida no senhor Rothschild, pelo que se baseou nela para as sua acções seguintes. Começou entao a vender desenfreadamente as suas posiçoes em empresas chave da economia inglesa, provocando nos outros investidores a mesma reacção mas com 100 vezes mais força. Um crash economico ia acontecer não fosse o facto dos emissarios do senhor Rothschild espalhados pela sala, começassem a comprar e atingir posiçoes dominantes no mercado financeiro. Em breve nada se poderia fazer sem que a familia Rothschild estivesse envolvida. Detendo o futuro de praticamente toda a Europa, Rothschild convenceu a realeza inglesa que o melhor meio para acabar com chicos-espertos era um banco central emissor de moeda independente e controlado obviamente por quem já sabemos. Sem muito a fazer, foi o que foi feito, o Banco de Inglaterra é detido por accionistas silenciosos e levaram Rotschild a dizer :” Pouco me importa quem é o boneco que está no trono de Inglaterra para reinar sobre o Imperio onde o Sol nunca se põe. O homem que controla o dinheiro da Grã-Bretanha controla o império britanico e eu controlo o dinheiro da Grã-Bretanha”. Foi assim tambem nos outros países e todo o sistema bancário central tem accionistas privados. Mas não pensem que esqueceram os ensinamentos do tempo em que eram apenas cambistas. Foi instituido no codigo bancário o sistema da reserva fraccional que permite aos bancos emprestarem até 10 vezes o dinheiro que detém na realidade, cobrando juros por coisas que não existem. Na America ainda foi pior. O governo americano, os chamados Founding Fathers tiveram a peregrina ideia de emitir o dinheiro atraves de decreto governamental. Isto causou o efeito indesejado de muita gente deixar de passar fome e sobretudo não contribuir em nada para o bolso dos nossos amigos da enzima. O Banco de Inglaterra proibiu a colonia de emitir dinheiro e estava o chá entornado. Benjamim Franklin afirmou no congresso que seria perfeitamente suportavel o aumento da taxa do chá (que se diz ter causado a revolta dos americanos), mas que o principal motivo da revolta era o da emissao de moeda sem juros, ao contrario da vontade dos senhores da enzima. Claro que no fim os americanos ganharam a guerra da independencia mas perderam a da independencia financeira, pois a enzima trabalha de maneiras misteriosas. Aconselho vivamente a quem estiver interessado na pesquisa da instituição da Reserva Federal Americana que tem episodios delirantes e reveladores de como a tal enzima pode funcionar. Enfim, cada vez que um Estado se endivida, paga juros ao banco central detido privadamente, que cria o dinheiro a partir de nada e cobra juros a uma população inteira e pior que isso, às suas geraçoes vindouras em emprestimos de longo prazo. O mais interessante é que nestas criações de bancos centrais, o Estado era tambem accionista e o único a entrar com dinheiro vivo, os nossos amigos da enzima da chico-espertice entravam com capital a realizar, aproveitando o facto de poderem entao ter acesso a dinheiro que não existia. Era com a parte não existente do negocio que os privados pagavam a sua entrada num banco central. Enfim, a sorte é que a sorte muda, e tanta sorte já é sorte a mais.