Thursday, April 06, 2006

Maio de 68 é quando um puto quiser

Os recentes acontecimentos em França, com as sucessivas tentativas de restaurar o ambiente do Maio de 68 infelizmente demonstram bem o vazio de ideias sobre o presente mas sobretudo o vacuo de pensamentos sobre o futuro das ultimas gerações. Reina a confusao mental e por isso mesmo qualquer manifestação organizada só pode degenerar em violencia, pois violentos são os seus pensamentos quanto ao futuro que os espera. Lutam por sociedades igualitárias, de solidariedade entre os povos, sem fronteiras mas esquecem-se que a globalização é isso mesmo, que a velha e preguiçosa Europa, que vive à custa dos direitos adquiridos e dos subsidios garantidos, já nada produzia e no entanto sugava imperialisticamente os recursos mundiais. Agora, os países mais pobres e que produzem para o mundo inteiro estao a começar a prosperar, juntamente com as suas populações e isso é muito mal visto por quem sempre defendeu os pobrezinhos.
No fundo os jovens que se manifestam na rua estao cheios de algo proprio da juventude, ou seja, estao cheios de ilusoes. A primeira ilusao é a de que não terão de competir com 2 bilioes de asiaticos que trabalham por um decimo do ordenado. Esperam conseguir a segurança e a protecção contra o mundo real, como se fossem pequenos peixinhos num aquario a implorar para que os deixem ficar mais um tempo nessa bola de vidro antes de os deitarem ao rio para lutar pela vida.
A legislação que se diz estar no epicentro dos disturbios tenta amenizar as consequencias de leis anteriores que provocaram um efeito perverso na economia francesa e mesmo europeia. Tenta atenuar a reluctancia de um empregador em empregar funcionários. Não admira muito pois tambem não existem muitos jovens que realmente valham a pena empregar. O trabalho duro, ou mais simplesmente, o trabalho, é deixado para os emigrantes e nenhum local, quer em França quer em Portugal, deseja aprender uma profissao com um mestre mais velho, pois isso iria resultar em demasiado esforço inicial, o ideal mesmo era arranjar um emprego nos serviços, com férias pagas e fins de semana livres. À tipica pergunta “Entao o que é que fazes?” nunca a tipica resposta “Nada, compro tudo feito” foi tao adequada. Ninguem já sabe fazer nada e tudo o que é preciso é necessário ser comprado, resta saber é com que dinheiro. Também para o empregador é o cabo dos trabalhos se o funcionario recém contratado não fôr a pessoa adequada ao cargo. É praticamente impossivel substitui-lo sem muita papelada e indemnizaçoes por vezes chorudas. A nova lei no fundo poderia permitir a muitos pequenos e médios empresários contratar alguem sem correr o risco de o adoptar como filho para a vida inteira, dando a oportunidade aos jovens de mais facilmente arranjar trabalho. Num país esclarecido seria de esperar que os beneficiados com a lei, se nada tivessem a temer, a apoiassem sem grandes reservas. Mas os jovens em França, e no resto da Europa tambem, não desejam encontrar trabalho. Pelo menos não desejam encontrar trabalho onde existe o risco de poderem falhar. Exigem antes trabalhos bem remunerados, seguros e com todos os beneficios em vigor, e o único lugar onde podem encontrar tais empregos é na admnistração publica. E caso não encontrem tal emprego não aceitarão emprego algum, que venham daí as transferencias do fundo de desemprego.
Como é que será possivel que alguem espere tal sorte numa economia globalizada, onde milhoes de asiaticos estao dispostos a fazer o mesmo trabalho que os europeus e americanos por 10% do salário e sem qualquer regalia adicional. Ao mesmo tempo que esta gente exige o proteccionismo economica, tenta abolir as fronteiras e criar um mundo sem países. Ao mesmo tempo que pedem produtos mais baratos, exigem que esses produtos fiquem tao caros como os nacionais.
Nunca nenhuma nação enriqueceu sem o comercio, sem trocas e especialização, caso contrário a Coreia do Norte seria o país mais rico do planeta em vez dos seus habitantes passarem fome todos os dias.Resta saber de quem poderá ser a culpa. Esta geração de zombies viciados em adrenalina cresceu a ouvir os seus pais dizerem que o seu objectivo era o de proporcionar um bem estar que os pais deles não lhes puderam proporcionar. Pelos vistos o bem estar proporcionado a esta geração foi demasiado, tao demasiado que nenhum teve na realidade de trabalhar para ter casa, carro e diversão quanto baste. Agora precisam de continuar nessa rotina mas à sua propria custa, mas está a revelar-se impossivel.

2 Comments:

Blogger Macillum said...

Contacte comigo.

macillum@gmail.com

8:03 AM  
Blogger Bilder said...

Tudo isso e verdade visto de um certo prisma,mas quando vemos a imagem por inteiro compreendemos que este sistema economico/politico esta viciado desde o topo da piramide,o que permite aos senhores do mundo o controlo do mesmo.

11:16 AM  

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