Friday, September 16, 2005

O sistema bancário português

Caros amigos, o sistema financeiro português está a ruir por dentro, essa ruína já se sente há alguns anos, sendo agora demasiadamente notória. Tão notória que o Presidente da República já teve de intervir dizendo que os bancos também têm de suportar a crise e não só os desgraçados dos portugueses de classe média. É de facto imoral todos os bancos portugueses apresentarem lucros astronómicos, de mais de 40%, num tempo em que todos os outros negócios se ressentem de uma crise sem fim à vista, e ainda por cima quase unicamente à custa do forte comissionamento sobre os seus clientes, pois a concessão de crédito está a diminuir. Já não existem operações bancárias gratuitas, e até a mera impressão de um simples livro de cheques pode custar 15 a 20 euros, existindo até bancos que cobram uma comissão por cada prestação da casa cobrada. No fundo, os bancos limitam-se a retirar indiscriminadamente dinheiro da conta dos seus clientes, até eventualmente, os clientes já não suportarem mais. E este é um ciclo inquebrável pois quando alguém tenta saír deste sistema de roubo descarado, não colocando o dinheiro no banco, é penalizado pois não poderá comprar casa, por exemplo, por não ter histórico bancário.
Sabemos que uma pequena empresa, vivia muitas vezes de operações bancárias de curto prazo, pois só com esse pequeno crédito podia aproveitar oportunidades de economia em escala com os seus fornecedores e competir assim com as grandes superficies. Acontece, que de um dia para o outro literalmente, este circuito foi quebrado pelos bancos, reduzindo a zero o crédito que estes pequenos empresários usavam, sem aviso prévio, mesmo a clientes sem quaisquer incidentes anteriores. Esta decisão em jeito de cartel, serviu como terapia de choque para os micro-empresários, que lhes retirou capacidade argumentativa pois todos levaram pela mesma bitola. Quem ficou a arder foram sempre os mesmos é claro, milhares de empresários que pautavam a sua vida pelo cumprimento das suas responsabilidades, viram-se com problemas bancários de um dia para o outro, com cheques devolvidos sem aviso, coisa impensável anteriormente. Esta cultura de rigidez bancária foi conseguida à custa dos micro-empresários e dos seus fornecedores que foram obrigados a substituir os bancos na concessão de crédito, fiando aos clientes dos bancos que se viram nesta situação. Assistiu-se a uma onda de falências, pois o capital foi retirado do circuito produtivo por uma das partes sem apelo nem agravo. Ou seja, a crise de consumo de crédito, tão fomentada pelos bancos foi paga pela sociedade civil e pelos negócios da classe média, os bancos viciaram o jogo e depois retiraram-se do mesmo quando os ganhos já tinham sido enormes. Alem do mais, o jogo ficou definitivamente perdido para os pequenos empresários que ficaram com o seu nome manchado nessa altura e por conseguinte vedada a concessão de crédito, nunca se tendo recomposto desde então. Desde então, a única forma de crédito de apoio à tesouraria concedida pelos bancos são livranças ou crédito pessoal, nunca para a empresa, para colocarem o património do cliente envolvido. Estas formas de crédito são extremamente penosas para os contraentes, com taxas de juro absurdamente altas e nunca acreditando na viabilidade da empresa. Perdeu-se assim a funçao primordial dos bancos que era o apoio à criação de riqueza, emprestando a quem não tinha para iniciar um negócio próprio, gerar empregos, etc. Foi desta função social que os bancos se tentaram afastar ao responder ao Presidente da República que essa função era exclusivo das empresas de capital de risco, nada mais errado.
Assistimos à completa demissão de responsabilidades na crise por parte dos maiores causadores da mesma, transmitindo-a para a sociedade, causando por isso falências em empresas perfeitamente viáveis, desemprego, problemas sociais, sem beliscar as projecções dos seus lucros, pois ao mesmo tempo que quebravam as expectativas financeiras dos seus clientes, aumentavam brutalmente as comissões bancárias por operação, despesas de manutenção e penalizações sobre moras, facto que levou os bancos a apresentarem lucros abismais durante o ano passado, ao contrário de toda a economia portuguesa. Vemos depois a triste figura do presidente do Banco Espirito Santo vangloriar-se do seu banco ter apresentado lucros inéditos de 40% à custa do forte comissionamento sobre os seus clientes, num ano de recessão da economia portuguesa.

Só quando se tiver a mesma atitude perante os bancos que os consumidores tiveram com a McDonalds e a industria tabaqueira é que eles podem ver do mal que andam a fazer à sociedade.

4 Comments:

Blogger Bilder said...

Sugiro o site www.moneymasters.com
para ver o esquema completo daqueles que alguns chamam de Banksters!

3:23 PM  
Anonymous Anonymous said...

Entretanto os Bancos têm vindo a ser comprados por espanhóis...
Seria interessante analizar a situação fazendo o cruzamento destes dois factos. Entre outros.
AF

10:56 PM  
Anonymous Anonymous said...

Precioso o que diz aqui. Obrigado.

5:19 PM  
Anonymous Anonymous said...

o endereço certo é:

http://www.archive.org/details/MoneyMasters

5:22 PM  

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